A palavra imprescindível de nossa vida deveria ser perseverança.
Viver nunca foi tarefa simples, e nós não recebemos ao chegar ao mundo nenhum mapa, manual ou até mesmo bula para estar em conformidade com ele, no caminho certo e ainda livres de efeitos colaterais. Pelo contrário, chegamos descalços, sem saber direito o rumo.
Tantas vezes, erramos na dose, perdemos para a vida, causamos mais danos que os esperados benefícios.
E por mais que muitas vezes ou quase sempre tudo sai bem diferente do que imaginávamos, somos nós que decidimos o próximo passo – se rir ou chorar, revoltar-se ou superar, se empacar ou se transformar. E nós temos esse poder, talvez o mais importante de todos, que é dar a volta por cima nas dificuldades, ser resiliente nas adversidades, ser complacente com nossos ciclos, com nossas pausas, com nossas partidas e chegadas, e principalmente coerentes com nossa essência.
Nunca será fácil decidir, pois decisão envolve sempre ruptura, perda de algo para o encontro com outras situações, com outra vida, com outro de nós adormecido, basta olhar com atenção.
Digo que estar atento não é passar todo o tempo pensando no próximo passo, planejando a escalada seguinte nem contando os minutos para o embarque, mas é não dormir em serviço ou deixar passar, é capturar num instante oportuno o que a vida é capaz de nos apresentar. É ter a coragem de abandonar todas as histórias e deixar ser direcionado, em vez de se amedrontar, permitir ser guiado e não buscar comandar.
A vida também pode ser descanso, mesmo sendo perseverança, pode ser reflexiva e intuitiva, mesmo carregada de intenção, de disposição e desejo de seguir em frente, porque as melhores decisões são feitas com o coração, as melhores recompensas são sentidas e não faladas, as alegrias mais bonitas são carregadas de entrega e não condução. Existem encontros feitos de alma, existe vida que chega ao silenciar e existem histórias felizes, quando se está disposto a perseverar.
Quando não há sacrifício para se escutar, quanto os medos e conflitos estão presentes, mas dissolvem dúvidas e inquietações; mostram que a única certeza é avançar, que o encontro com nós mesmos será sempre imprevisto, secreto, íntimo, mas somente poderá acontecer se pudermos nos abandonar…