O senador José Serra (PSDB) ficará afastado do Senado após receber o diagnóstico de doença de Parkinson em estágio inicial. A doença é comumente associada aos tremores, mas pode manifestar-se em outros sintomas. É preciso atenção aos sinais, principalmente em pessoas acima de 60 anos, para que seja possível realizar o tratamento e melhorar a qualidade de vida, explicam os especialistas.
“Nem todo tremor é Parkinson”, diz Natally Santiago, neurocirurgiã funcional do Hospital San Gennaro. Ela esclarece que o tremor característico da doença é o chamado “tremor de repouso”, ou seja, ocorre quando não estão sendo executados movimentos e ,ao realizar ações, pode diminuir ou até sumir.
O Parkinson é uma doença neurodegenerativa que afeta a produção de dopamina, neurotransmissor responsável pelos movimentos, explica a médica. Por isso, além dos tremores, outros dois sinais característicos da doença estão relacionados à movimentação: a rigidez muscular e a bradicinesia.
“Um dos sinais mais importantes é a lentidão da movimentação, que chamamos de bradicinesia. A velocidade da pessoa para se movimentar e executar os movimentos fica muito lentificada”, relata Frederico Haidar Jorge, neurologista do Hospital Santa Catarina.
Além dos três sinais, pacientes com Parkinson podem apresentar outros sintomas, segundo ele. Dentre eles, instabilidade postural, diminuição nas expressões faciais, dificuldade de mastigação e deglutição, voz mais baixa, diminuição na percepção de olfato e alterações no sono, emocionais ou cognitivas.
“Não há um teste específico para Parkinson. O diagnóstico depende da história clínica do paciente, que chamamos de anamnese, e de exames neurológicos. Também fazemos exames complementares para descartar outras situações”, informa o neurologista do Santa Catarina.
Ao identificar sintomas, a avaliação médica é essencial. Isso porque diferentes causas podem desencadear o que os médicos chamam de parkinsionismo ou síndroma parkinsoniana, um conjunto de sintomas neurológicos encontrados na doença de Parkinson, mas que não necessariamente indicam a presença dela.
“70% dos casos de síndrome parkinsoniana são por doença de Parkinson, mas os outros 30%, aproximadamente, são outras doenças neurodegenerativas e até remédios que podem levar a pessoa a ter o quadro de sinais e sintomas”, esclarece Alex Baeta, neurologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Baeta relata que a forma mais comum da doença é a idiopática, ou seja, cuja origem não consegue ser identificável. Em alguns casos, é possível identificar indivíduos com alto risco de ter Parkinson, devido à herança genética.
“Não há como previnir a doença de Parkinson com os recursos disponíveis no momento”, diz.
Tratamento é multidisciplinar A doença de Parkinson não tem cura, mas médicos reforçam a importância do tratamento nos estágios iniciais. Segundo a neurocirurgiã do Hospital San Gennaro, Natally Santiago, o tratamento com um especialista melhora a qualidade de vida do paciente e consegue controlar a evolução dos sintomas.
“A evolução da doença pode variar, mas, geralmente, nos primeiros cinco anos, ela tem uma boa resposta ao tratamento medicamentoso.
As medicações antiparkinsonianas têm um bom efeito”, explica.
Além dos medicamentos, outros métodos são utilizados para tratar pacientes com Parkinson. Fisioterapia e terapia ocupacional são maneiras de trabalhar a movimentação do corpo e combater os sintomas. Fonoaudiologia também é uma opção para aqueles que têm dificuldade na fala, mastigação e deglutição.
“Em algumas situações, podemos avaliar o tratamento cirúrgico para o paciente. Ele consiste no implante de um marca-passo cerebral […] que manda estímulos elétricos e auxilia a melhora dos sintomas”, esclarece Santiago.
A movimentação corporal é um ponto chave no tratamento da doença. “Pro parkinsoniano, a atividade física é fundamental como beber água, porque isso reduz um pouco os sinais e sintomas, se associado ao tratamento adequado”, diz o neurologista Alex Baeta.