Ela viveu um romance com o homem por 24 anos, mas não sabia que legalmente ele ainda era casado com a ex-mulher.

Situações de morte na família são horríveis de lidar, porque, além da dor lancinante do luto, de a mente tentar se acostumar com a ideia de que não teremos mais a pessoa no nosso convívio, precisamos enfrentar as burocracias desgastantes resultantes do falecimento de alguém.

Liberação de corpo, funeral, enterro, rituais religiosos são apenas algumas das práticas mais populares que envolvem uma morte.

Entre as atividades mais exaustivas desses afazeres, estão os trâmites do inventário ou do testamento de quem se foi.

Agora imagine se, além de todo o desconforto e exaustão que a situação lhe causa, outra pessoa aparece exigindo todos os bens herdados, mesmo depois de anos sem conviver com o falecido.

Foi isso que ocorreu com uma mulher mexicana, que está abrindo um processo contra a esposa do seu amante: ela e o homem viveram juntos por 24 anos, tiveram seis filhos, mas no papel ele ainda era casado com outra.

Apesar de viverem separados por anos, não haviam se divorciado legalmente, o que dá a ela a chance de herdar o que ele deixou.

Melissa Sepúlveda Muñoz conheceu Alberto Ruiz em 1996 e, após alguns meses, os dois já engataram um romance. Alberto sempre deixou claro para Melissa que era casado, por isso não poderiam constituir uma família. Os dois mantiveram então um relacionamento extraconjugal, que resultou em seis filhos, um deles menor de idade ainda.

Por mais de 24 anos, Melissa viveu com Alberto, falecido em 5 de novembro de 2020.

Assim que o amado se foi, começou a odisseia judiciária de Melissa e seus filhos atrás do que mereciam por direito. A mulher diz que jamais imaginava que após a morte do amor da sua vida, sua esposa apareceria para reivindicar o patrimônio de Alberto.

A ação veio como um choque para Melissa, especialmente porque ela relata que mantinha contato com a esposa de Alberto e seus filhos do primeiro casamento, ambos maiores de idade, e que nunca teria ido atrás de seus direitos enquanto Alberto era vivo por respeito a eles.

Ela falou que jamais pensaria que, depois de tanto tempo, a esposa de Alberto apareceria para levar tudo apenas por ter uma certidão de casamento. Melissa não crê que isso seja justo, até porque foi ela quem esteve ao lado de Alberto, trabalhando, durante todos estes anos, de acordo com informações cedidas pelo portal de notícias Milenio.

Por medo de seus filhos ficarem desamparados financeiramente, sem ter onde morar e pensando também em resguardar alguma segurança para si, Melissa começou a travar a luta para que seja reconhecida legalmente como a companheira de vida de Alberto e que todo seu esforço e trabalho como parceira e mãe sejam reconhecidos.

Melissa terá uma longa batalha jurídica pela frente, já que, segundo explicaram seus advogados, uma proposta de reforma do Código Civil do Estado será apresentada ao Congresso de Nuevo León, região onde a batalha judicial está sendo travada, para reconhecer relação de “amasiato”, um termo em espanhol ainda sem tradução, que explica o fato de que duas pessoas, sem ser casadas ou uma delas casada com outra pessoa, podem sim gerar um vínculo de amor e viver juntas.

A ideia é que essa nova configuração de família seja aceita pelos poderes Judiciário e Legislativo da região e que, portanto, parceiros de relacionamentos extraconjugais e as crianças que, possivelmente tenham nascido dessas uniões, possam ser beneficiados, caso alguma parte do casal “amasiato” venha a falecer e deixe um testamento para ser analisado e bens a serem distribuídos.