A regra é: não cuspa no prato em que comeu.
“Somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos feitos de ferro.” (Freud)
Há pessoas que cortam pessoas da sua vida como quem corta carboidratos da dieta e ficam superbem. Já outras não vivem sem.
Acabou, cada um foi para seu lado, não trocam mais mensagens, não mais se falam. Um ainda não superou, mas o outro cortou rispidamente os cabos emocionais que os ligavam. Sem contato, para não haver mais intimidade. Perfeito. Resolvido. Vida que segue.
E a dor do outro? E o sentimento, onde entra nisso? A explicação é que vivemos na era do extremo individualismo.
Casais, outrora conectados, desconectam-se mais rapidamente do que o carregador do celular. Uma hora vocês estão conversando normalmente, até falam sobre um futuro juntos e, noutra, a mensagem é visualizada, ignorada, nenhuma mensagem para saber como a pessoa está, o que anda fazendo, se está em projetos novos, se está bem.
Enfim, você é totalmente ignorado da vida do outro, apagado, como se nunca houvesse existido. Carícias, risos, abraços, confidências. Nada! Pane geral no sistema da Matrix Emocional. Reconfiguração da sua existência. Você esbarra na pessoa no , a pessoa ou finge que não o vê ou só lhe envia um sorriso de canto e um leve e seco aceno.
Você espera mensagens que nunca mais receberá. E é um soco no estômago. Como, de uma hora para outra, alguém que fora tão importante, com quem você partilhou risos, pensamentos, que você recebeu de boa vontade para sua vida se torna um perfeito estranho? Afinal por que as pessoas agem dessa forma? O grupo dos 70’s (War) já questionava na música “Why can’t we be friends?”.
Gosto muito deste pensamento de Albert Camus, que diz:
“Amo ou venero poucas pessoas. Por todo o resto, tenho vergonha de minha indiferença. Mas aqueles que amo, nada jamais conseguirá fazer com que eu deixe de amá-los, nem eu próprio e principalmente nem eles mesmos.”
Já Schopenhauer defendia que “o amor é um mal necessário”. Para ele, o erro estaria em criar expectativas demais em relação ao outro e, depois de um término, não cultivar rancor por achar que jamais seremos capazes de amar de novo. Para ele, amar era algo dilacerante, instável, mas fundamental.
Só não deveríamos sofrer tanto por ele.
Posto isso, honestamente falando, ninguém curte sofrer por amor, né? Vamos combinar que não é nada agradável ver o objeto de seu afeto e destruidor do seu psicológico curtindo a vida adoidado e você largada na bad. Bad é bad, babies.
Não vamos romantizar a emocional do amiguinho. Dói ver o amor da sua vida se dela e você, , na poltrona, fazendo a Bridget, com pote de sorvete, chorando aos baldes, consolada pela Netflix.
Estou mentindo, “frô”? Ééééé… Não! Aqui trabalhamos com verdades.
Quer que eu o iluda? , não vai rolar. Sou sua amiguinha e jamais vai ler um texto meu com um discurso que não seja extremamente sincero. Tenha-me como aquela sua amiga raiz e não Nutella, ok?
Se você estiver sendo feita de trouxa, eu sou aquela amiga que vai falar: m, você é trouxa, mas é a minha trouxa e eu a amo. Largue essa vida, que não lhe pertence esse papel.NY esbarrar nos gringos e falar “”. Como estamos duras, esbarrar no primeiro gringo que aparecer no calçadão de Ipanema.
Eu quero ver você de bem com a vida, plena, serena, tranquila, ok? Então, o que tenho para lhe dizer é: para que vai ficar a vida inteira remoendo culpas que não lhe pertencem?
“Não trate como terapia quem o trata como ”. Sábio conselho da psicanalista Natthalia Paccola.
As pessoas falam muito em ter humanidade, mas o engraçado é que se esquecem de tornar humanas a si mesmas. Falta a tal da… Como é que se fala? Ah é, empatia!
Saiba resolver seu término com o outro, mas consigo mesmo. Não ama mais a pessoa? Ok, você não é obrigado a fingir amor, fingir que gosta. Mas, se percebe que a pessoa ainda tem sentimentos por você, deixe claro que a relação não tem volta, mas converse com a pessoa, de vez em quando. Saiba ser, ao menos, um ombro amigo. Saiba ser companhia. Torça pelos projetos daquela pessoa. Prestigie a vida dela. Poxa, não precisa afastar a pessoa, que feio! A menos que seja um psicopata ou tenha um mau-caratismo, né?
Ninguém merece um Mike Myers ou a noiva de Chuck como contatinho, não é mesmo? Fora isso, não vejo motivo para não ser cortês. O que custa chamar no Messenger, no zap, bater um papo, comentar sobre um assunto de que gostam? Dar os parabéns pelo aniversário de algum parente da sua família? O que custa marcar aparecer na esquina bater um papo, dar um abraço?
Sabe, levar a vida com leveza, sem criar expectativas no outro, se não for sua vontade reatar a relação. E se se arrepender depois e quiser voltar? E se a pessoa se cansou de ser ignorada, de chorar por você e, num belo dia, você decidir procurar e ela lá não mais estiver a esperar você? E aí, José? Já pensou que o mundo gira? Hoje você faz alguém sofrer; amanhã, pode ser você.
Uma das séries que eu mais amo é “Friends”. Não existe no mundo uma série que retrate com mais fidelidade as relações de amor e amizade. Como esquecer o casal Ross e Rachel, o famoso casal estica e puxa? Traição, apesar de Ross dizer que estavam dando um tempo (ahã, sei!), três divórcios, crushes, ciúme, um filho não planejado durante uma recaída. Eles provaram que é possível sim manter a regra da boa convivência, podendo ou não, mais maduros, construir o tal do final feliz.
A regra é: não cuspa no prato em que comeu.
Lembre-se que a vida é cheia de altos e baixos, e pode nos pegar de surpresa, afinal já dizia Pitágoras: “O Universo é uma harmonia de contrários.”
Portanto, cuidado com o que você deixa escrito nas estrelas.