Mourão e Guedes 'fogem' de cúpula do G-20 e chanceler comparece no lugar de Bolsonaro
13/11/2022

O presidente Jair Bolsonaro, o primeiro da história do Brasil a não ser reeleito, enviará uma delegação vazia à 17ª cúpula do G-20 em Bali, na Indonésia, ao final de seu mandato. Além do próprio Bolsonaro desistir da viagem, o vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro da Economia Paulo Guedes se recusaram a liderar a delegação brasileira. A delegação será chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Além das ausências de Bolsonaro, Mourão e Guedes, outra ausência confirmada pelo Estadão é a do presidente do banco central, Roberto Campos Neto.

O BC disse que não enviaria um representante à cúpula.

O grupo G-20, que foi criado no final da década de 1990, é um dos mais importantes fóruns econômicos multilaterais, com a participação das maiores economias e um importante papel de ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais. Eles se reúnem ao longo do ano e preparam o evento principal, que reúne chefes de Estado todos os anos desde a crise financeira de 2008. Acordos e coordenação de eventos internacionais entre países são discutidos nas cúpulas.

Presidentes e primeiros-ministros também costumam aproveitar as oportunidades para reuniões bilaterais.

A próxima cúpula, entre 15 e 16 de novembro, é considerada importante por autoridades governamentais por causa do estado das economias ao redor do mundo, dada a inflação global que os países enfrentam, as consequências da guerra na Ucrânia e a recuperação pós-pandemia. O governo da Indonésia decidiu apoiar discussões sobre transformação energética, transformação digital e arquitetura global de saúde com ênfase na distribuição equitativa de vacinas.

Nas palavras do embaixador, será um G-20 "sensível" com todas as discussões que incluem crédito, inflação, segurança alimentar, e o Brasil pode se ver com representação tecnicamente qualificada, mas no segundo nível político, sem peso. discutir com as principais delegações do mundo.

Questionados, o Ministério da Economia e o Banco Central não deram motivos para a ausência de Guedes e Campos Neto.

Até sua derrota eleitoral, Bolsonaro participou de todas as cúpulas do G-20. Em 2019, estreou em Osaka, Japão.

Em 2020, ele falou do Brasil quando o encontro foi realizado por videoconferência, por conta da pandemia de covid-19. Ele se despediu no ano passado enquanto liderava a delegação brasileira em Roma, na Itália, quando foi flagrado deslocado na antecâmara reservada aos líderes.

Logo após a derrota do ex-presidente Lula Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro se retirou para o Palácio da Alvorada e cancelou compromissos, inclusive internacionais. Passou a receber poucos ministros e aliados, despachos da residência oficial, e nem mesmo promovia transmissões nas redes sociais.

Preso, ele se recusou a ceder enquanto alguns de seus apoiadores continuam questionando os resultados das eleições e pedindo intervenção militar.

Diante da recusa de Bolsonaro, membros da primeira camada do governo tentaram aumentar o nível político da representação do país. Em vão. Um dos que tentaram convencer o vice-presidente a ir à cúpula foi o chanceler Carlos França, que ficou com a tarefa de liderar a delegação.

Além da longa viagem de mais de 36 horas de voo com escalas, pesava muito o fato de o assunto não estar no domínio de Mourão.

Ele teria que fazer um discurso com informações técnicas quando solicitado. Como não houve decisão, Bolsonaro, que deixou os representantes livres para decidir sobre a adesão, decidiu não participar.

Mourão já "fugiu" da Cúpula do Clima (COP-27) no Egito, assim como Guedes. Embora seja um nome forte do Conselho da Amazônia Legal, o deputado ficou insatisfeito por não ter liderado a delegação enviada à COP-26 do ano passado em Glasgow e agora vê o risco de erosão política e demandas com a presença de Lula.

e aliados em solo egípcio.

Anteriormente, Paulo Guedes também se recusou a liderar a escolta do G-20, embora seja considerado "o detentor da bola" nesta matéria. O ministro decidiu enviar Marco Rocha, secretário de Assuntos Econômicos Internacionais, como representante da pasta. O ministro adjunto refletiu que a agenda das cúpulas de líderes é diferente das reuniões ministeriais, onde os titulares de pastas e os presidentes dos bancos centrais têm uma contraparte maior.

O Ministério das Relações Exteriores também enviará o embaixador Sarquis José Buainain Sarquis, que é o sherpa do país na organização.

O ministro de Comércio Exterior e Economia, Sarquis, foi nomeado por Bolsonaro como o próximo representante permanente do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas aguarda aprovação do Senado e depende de um acordo com Lula. A delegação brasileira também inclui dois funcionários da Coordenação Geral do G-20.

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