Ao comemorar seu aniversário de 109 anos, a senhorita Jessie Gallan fez questão de declarar que o segredo para a longevidade é a autossuficiência.
Uma entrevista concedida pela centenária Jessie Gallan chamou a atenção por confrontar uma das máximas intocáveis da sociedade: é impossível ser feliz sozinho. Ela declarou que o segredo de sua longa trajetória de vida, somada ao seu religioso mingau pelas manhãs é, sobretudo, nunca ter se casado e, mais do que isso, ter evitado o contato com os homens em geral.
Provando que, sim, é possível ser feliz sozinho.
Jessie Gallan nasceu na Escócia em 2 de janeiro de 1906. Em 2015, completou 109 anos. Para o jornal escocês STN News, Gallan compartilhou o segredo de sua longevidade. Aos jornalistas, contou um pouco da rotina responsável por estender de forma tão impressionante sua trajetória de vida.
Segundo ela, o segredo está, primeiramente, em tomar um bom café da manhã diariamente e realizar seus exercícios físicos, mas acima de tudo, o essencial foi nunca ter se casado e, além disso, mantido distância dos homens em geral.
De acordo com ela, os homens dão mais trabalho do que valem.
Nascida em uma pequena casa de campo de dois cômodos, em Kintore, Aberdeenshire, foi criada com suas cinco irmãs e um irmão, que dividiam todos uma única cama todas as noites.
Jessie Gallan chamou a atenção do jornal escocês justamente por ser uma das cidadãs mais velhas do país. Conta como levou sua vida, marcada, em grande medida, pelo trabalho.
Segundo conta, trabalhou muito desde os 13 anos, sem dar muita importância para férias. Seu último trabalho foi como garçonete.
Acima de tudo, o que marca sua trajetória é a autossuficiência. De acordo com ela, nunca precisou depender de ninguém, e está completamente satisfeita com isso.
Jessie Gallan tem ainda uma percepção otimista em relação aos novos tempos. Para ela, é entusiasmante ver como o mundo está completamente diferente daquele no qual cresceu.
Morando agora na casa de repouso Crosby House, em Aberdeen, a senhorita Gallan comemora agora seus aniversários com suas novas amizades.
Segundo Rebecca Streeter, funcionária da casa de repouso, a senhorita Jessie Gallan não só participa ativamente das atividades em grupo, como adora os exercícios. Ela ainda participa de todos os e nunca deixou de frequentar sua igreja, aos domingos. Em resumo, preza com afinco por um estilo de vida saudável.
O caso da senhorita escocesa ajuda a jogar luz sobre um debate recorrente nos tempos modernos: é possível ser feliz sozinho? O poeta e compositor Tom Jobim, em seu clássico , demonstrou acreditar que não: “Fundamental é mesmo o amor / É impossível ser feliz sozinho”.
Mas antes de nos agarrarmos a determinismos, é preciso estar sensível a histórias como essa.
Jessie Gallan demonstra que podemos, sim, buscar em nós a felicidade. Às vezes, antes de seguir um protocolo de felicidade, é importante investigarmos em nós mesmos o que faz mais sentido para nós, o que, de fato, pode nos trazer felicidade.
Em seu caso, a centenária Jessie percebeu que, para ela, a realização pessoal está na autonomia. No entanto, esse processo de autoconhecimento esbarra em muitos preconceitos.
Em primeiro lugar, os do meio social em que vivemos, que a todo momento diz, no caso de Jessie Gallan, como as mulheres devem levar suas vidas.
Mas também damos de cara com os próprios preconceitos, sendo preciso nos perguntar se estamos, de fato, indo em direção àquilo que nos faz felizes ou tão somente amesquinhando nossas experiências em prol de um protocolo de felicidade.
Que comamos nosso mingau todos os dias pela manhã e evitemos aquilo que não faz sentido para nós. E lembremo-nos dos exercícios.